segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Você chama isto de Parque Ecológico e Minizoo?! Chão!!

Na época em que fiz meu grupo escolar já não havia castigos físicos como palmatória, ficar ajoelhado em milho e outros recursos pedagógicos para manter a disposição e a disciplina dos brasileirinhos nos estudos.

Mas havia puxões de orelha, os “escreva 200 vezes ‘Não vou mais colar na prova’”, os “Burro” ou “Zero” escritos em vermelho sobre as folhas de problemas de matemática errados etc. Também sobreviviam os medievais ‘chapéus de burro’ que colocavam no peralta e o faziam passar a aula toda olhando pra parede, de castigo.

Parque quando foi aberto ao público em 82
Então muitas vezes ficavam vários castigados (às vezes, meninas, mas raras) sentados em banquinhos altos balançando as pernas e a coluna vergada pela vergonha e emburramento produzindo um ambiente péssimo, todo mundo querendo aparentar normalidade mas, na verdade, com pena dos colegas punidos e com medo de que o próximo seja um deles, covarde e injustamente punido por uma mestra ranzinza e paranóica. Ou um mestre antiquado e reacionário. Ou um inspetor de alunos que acordou com azia e resolveu descarregar nos moleques. Um terrível baixo astral.

A menos que tenha havido a abdução dos tratadores, veterinários, cozinheiros, vigilantes e do próprio Diretor do Parque das Hortênsias, coisa difícil mas não impossível nestes tempos de absurdo, tenho motivo para pensar que as autoridades municipais estejam nos pondo de castigo por não termos acreditado nem saído em sua defesa diante de seus protestos de inocência frente à perseguição da polícia e das espetaculosas prisões de vereadores no plenário da Câmara e de secretários municipais nos seus gabinetes no início de mais um profícuo dia de trabalho.

No primeiro livro de história da cidade do sr. Waldemar Gonçalves "Taboão da Serra Sua História Sua Gente" o Parque é destaque
Mas, mesmo aposentando a hipótese de vingança, precisamos reconhecer que o parque foi se desmilinguindo aos poucos na medida em que as promessas de reformas, conservação, recuperação e organização foram sendo esquecidas nos sucessivos governos por razão de pendengas políticas, mudanças de planos ou simples descaso.

Sobre este aspecto, veja no site que você acessa aqui, um verdadeiro relatório de como estava o Parque em  30 / 5 / 2005, quando o atual diretor assumiu e os seus planos para o futuro que, hoje, seis anos depois, podemos conferir e, claro, concluir alguma coisa.

Cerimônia do plantio de hortências em 79: começa a formação do Parque

Recomendação: estudando o assunto encontrei o blog da Ana Paula Caggiano que tem uma matéria sobre o Parque, inclusive com a entrevista da veterinária de lá. Veja aqui (abre na tag "Natureza", dai você vai rolando a tela até chegar às fotos e ao artigo a que me refiro). É uma visão clara do que é o dia-a-dia do Zoo no delicado limite que separa o sonho da realidade. Além do mais Ana Paula é uma excelente fotógrafa, confiram lá as fotos que ela fez do Parque, uma visão de visitante atento e sensível sobre um objeto que, já desgastado pela rotina, nós mesmos não conseguimos ver.

O tratador Geraldo pegando uma anta à unha
Confesso que tinha vaidade de ter um parque como o das Hortênsias na cidade onde moro. Convidava os amigos pra conhecerem, levava familiares pra passear, vibrava com as novidades dos nascimentos dos bichos, das espécies em extinção e dos bandos de aves de arribação que toda primavera atravessavam a cidade rumo ao parque onde veraneavam. Toda primavera era (ainda é, um pouco) o mesmo voo em formação e o alarido agradável que atraia nossos olhares para o céu.

É estranho que o Parque (que hoje já não tem mais hortênsias como em seu início) fundado por um dos nossos prefeitos mais empreendedores, esteja hoje nessa decadência. O então prefeito conseguiu, em 79, o patrocínio da Fuji Filmes, multinacional de filmes fotográficos, para implantação de um bosque onde os munícipes pudessem passear e fazer picnics. Houve uma cerimônia de plantio por escolares de 5.000 pés de hortênsias doadas por aquela empresa e também foram plantadas 500 mudas de ‘pinus eliotis’ (pinheiros), muitas das quais sobreviveram até nossos dias. Quando foi oficialmente inaugurado, em 19 de fevereiro de 82, ainda não era zoo. Três anos depois, chegou o leão Greg, e assim o local se tornou um zoológico. E Assim foi registrado no IBAMA em 1991.

Quando comecei a fazer o Taboão On Line, site de apoio a pesquisas escolares que até hoje comando, dediquei uma das páginas especiais sobre pontos turísticos ao nosso tradicional Parque, página que você pode ver aqui. Dos aspectos de cidade de que ali tratei, o Hortênsias me parecia o que menos mudaria no decorrer do tempo. Mas não era não.

Quando li o depoimento no Facebook dizendo o estado lamentável em que se encontra hoje o Parque das Hortênsias, fiquei muito triste. Principalmente com a falta de segurança do local, aspecto que poderia ser muito bem resolvido pela Guarda Civil Municipal e seu sistema de monitoramento por câmaras, caso já estejam funcionando plenamente, como foi divulgado.

No início tinha uma ponte com vista panorâmica do Parque e "pedalinhos", restando hoje apenas uma pequena ilha de madeira no meio do lago

Ontem, domingo, 4, um grupo de defensores do Parque (e da Natureza) estiveram frente a ele passando um abaixo assinado a ser encaminhado ao Prefeito exigindo providências. O diretor do Parque, Ricardo, apareceu e deu algumas explicações, o que é um ponto positivo. Na internet, as assinaturas na mesma petição já ultrapassam 380.

Leia  aqui e aqui boas matérias sobre a situação atual do Parque, respectivamente do Taboão Em Foco e do Jornal Na Net.

Uma característica do Parque pode voltar a ser a integração entre a flora e a fauna tema de aulas dadas ao vivo pelas escolas de Taboão da Serra e região
Numa prova de que a população taboense entra em ação rápido quando lhe pisam nos artelhos, a causa já tem um blog que vocês podem acessar aqui. Com abaixo assinado e tudo mais que tem direito um cidadão indignado. Já apareceu até uma jornalista, Vanessa Alcântara Holanda, interessada em dar uma cobertura nacional para o Parque. Seria muito bom porque nosso Zoo já foi considerado segundo maior de todo o estado de SP, e poderia voltar a ser, se fosse bem cuidado.

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Curiosidade 1 – nunca soube de um gorila no Parque, mas soube sim do babuíno Fred. Se alguém puder me informar, agradeço muito;

Curiosidade 2 – aquelas pedras enormes nos altos do Parque, foram pintadas por um artista taboense, o Satú. Você podem ver um foto do trabalho ainda não tão desgastado pelo tempo, clicando aqui e rolando a página “Periscópio” até o último item “grafites”;

Curiosidade 3 – essa calamidade no Parque ocorre quando justamente é promulgada a Lei Municipal 2.050, de 20/06/2011, que autoriza a criação do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais - COMDEA. Eles poderiam querer nos agradar um pouco, dando um pouco mais de comida aos animais, não acham?

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