quarta-feira, 3 de outubro de 2012

UMA CÂMARA SÓ DE MULHERES


Tenho 88 anos de idade e descendo de família de agricultores do Vale do Paraíba.

Os agricultores levam uma vida simples e de muito trabalho e para eles o contato com a Natureza, o plantio, o cultivo, a colheita, são bênçãos de Deus a quem vive da terra. Como se costuma dizer, vêm da Mãe-terra.

Quando terei o título de eleitor, em 48, votei para presidente no marechal Dutra, que venceu. Fui votando em todas as eleições até a que elegeu Lula, um operário, como nosso presidente. Sou muito feliz por ter podido eleger uma mulher, Dilma Roussef, presidenta do Brasil. O povo brasileiro fez por merecer isso.

Só me arrependo de três votos que dei: o primeiro para Collor que, com seus planos econômicos, prejudicou demais pessoas de minha família; o segundo foi o atual prefeito de Taboão da Serra, no qual votei duas vezes, e acabou aumentando nosso IPTU em mais de 600 %, o que nos trouxe sérias dificuldades.

Então me veio uma ideia que quero compartilhar com vocês pelo presente manifesto. Todos devemos votar em mulheres para os cargos de vereadora porque assim teremos uma Câmara mais digna e sensível às necessidades da população.

As mulheres são diferentes dos homens quando chegam ao poder, sabem negociar melhor, são objetivas para alcançar suas metas, sabem valorizar o esforço das outras mulheres que, no lar ou no trabalho, cuidam de suas famílias com muito carinho e amor. Poderão dar boas soluções para as áreas de saúde e educação, onde, pela incompetência ou pela corrupção dos políticos e funcionários, as famílias mais sofrem e são prejudicadas.

Uma Câmara só de Mulheres, depois de tanto sofrimento, Taboão da Serra merece isso.

Vó Maria

segunda-feira, 19 de março de 2012

MOEBIUS (1938 - 2012)

Foto de 2009: Franck Fife

Ao Mestre, com gratidão.
Pelas veias da comunicação em rede, no blog do Paulo Coelho ( http://paulocoelhoblog.com/  post de 10 / 3 / 2012), vi a notícia da partida de Moebius, um dos maiores quadrinistas do século XX, cuja obra publicada intensamente nas décadas de 1960 a 1980, criou uma revolução cultural comparável ao Renascimento, no caso dele, o Realismo Fantástico.

A primeira vez que vi um desenho dele, foi uma mudança de consciência. A realidade e o fantástico se tornaram igualmente palpáveis e visíveis. Era inacreditável. E, de repente, me tornei um caçador do “Incal”, a história em quadrinhos que me abriu as portas para o eterno diálogo / confronto entre o mito e a vida comum. Em dia de pagamento, quando dava, lá ia eu às livrarias especializadas, Cultura, Aliança Francesa etc. procurar um dos “álbuns”, objetos de desejo.

O meu primeiro contato – capa de revista de 1996

O Incal é uma saga de ficção científica em quadrinhos criada pelo escritor, poeta, mago e cineasta chileno Alejandro Jodorowsky e ilustrada pelo francês Jean Giraud, o Moebius. Originalmente destinava-se a ser o guia de produção (story-board) de um filme para cinema, mas este projeto nunca foi realizado. Foi publicada em capítulos na revolucionária revista francesa "Metal Hurlant". Estreou no número 58, em 1980. No Brasil, foi publicada pela Devir entre 2006 e 2007, em três volumes.

Jodorowsky e Moebius (pronuncia-se Môbius)

Segundo a Folhaonline, toda a história foi reunida numa edição única, "Incal Integral", que começa a chegar nesta semana às livrarias e lojas especializadas em quadrinhos (a capa mostra John Difool e a “gaivota de concreto” escapando das garras de uma espécie de aranha cibernética).


O argumento é: em um futuro distante, o detetive particular John Difool recebe um cristal muito poderoso, o Incal Branco, das mãos de um alienígena moribundo. Desse contato, ele ganha a incumbência de dar um novo destino ao planeta. O Incal é disputado por diversas facções: os alienígenas, o governo, os rebeldes e uma seita tecnológica que adora o Incal Escuro.


Em fuga, John Difool e seu pássaro de estimação, Deepo, uma "gaivota do concreto", são forçados a juntar forças com outras pessoas que também procuram o Incal: o Metabarão, as irmãs Animah e Tanatah, Solune (um messias andrógino) e Kill, um mercenário com cabeça de cachorro. (Wikipédia)
John Difool e Animah, Tanatah, Kill e o Metabarão.

Ninguém menos do que Federico Fellini era seu admirador. Numa carta enviada a Moebius em 23 /6 /1979 e que foi usada como introdução da Heavy Metal especial sobre o ilustrador em 1981 (reprodução abaixo) assim se manifestou:
“Que grande diretor de cinema tu serias! Nunca pensaste nisto?
O que há de mais admirável nos teus desenhos é a luz – sobretudo nos teus desenhos em preto e branco: uma luz fosfórica, oxídrica, luz de lux perpétua, de limbos solares...”
  
“Que grande diretor de cinema tu serias! Nunca pensaste nisto?
O que há de mais admirável nos teus desenhos é a luz – sobretudo nos teus desenhos em preto e branco: uma luz fosfórica, oxídrica, luz de lux perpétua, de limbos solares...”  


Moebius tem um papel importante em várias superproduções do cinema. Foi o diretor dos efeitos visuais da série de filmes "Alien" de Ridley Scott. Os filmes "O Quinto Elemento", “Blade Runner” e "Tron" (da Disney em 1980, película que explora os efeitos especiais proporcionados por programas avançados de computador). Mestre de science-fiction, esteve presente, com story-boards e direção de arte, em superproduções como “Duna”, de 1984, dirigido por David Lynch, uma história que se passa em 10.190 D.C. e onde a estrutura social, regredida a tempos medievais, ainda funciona de termos capitalistas.O gênio abrangente de Moebius o levou a estar presente em obras de arte tanto futuristas quanto ancestrais. É o caso do desenho animado japonês (produzido pelo estúdio Tókyo Movie Shinsha em 1985) desenhado por ele (que foi a Tóquio para trabalhar no projeto) baseado nas histórias de “Little Nemo”, personagem  principal de uma série de tiras semanais criadas por Winsor McCay (1871 - 1934) e publicadas nos jornais New York Herald e New York American de William Hearst, entre 15 de outubro de 1905 - 23 de abril de 1911 - 1913, respectivamente. Nessa obra Moebius fez scripts, backgrounds e costume design.





O pioneirismo desses quadrinhos excepcionais tem várias faces. Embora fosse história em quadrinhos, estava longe de ser uma simples fantasia para crianças; com frequência, era sombria, surreal,  ameaçadora e mesmo violenta. A tira narrava os sonhos de um garotinho Nemo (que significa "ninguém" em latim), o herói. O último quadro de cada tira sempre representava Nemo acordando, geralmente sobre a cama ou perto dela, e frequentemente sendo repreendido (ou consolado) por um dos adultos da casa, depois de gritar durante o sono e acordá-los. As aventuras que levavam a desastres tinham todas um propósito em comum, chegar à Slumberland, onde ele havia sido chamado pelo rei "Morphy" Morpheus, para ser o "coleguinha de folguedos" de sua filha, a princesa Camille. 

O Nemo desenhado pelo autor, McCay
Entre as qualidades mais notáveis dos quadrinhos de Nemo estavam o intrincado estilo visual - frequentemente com altos níveis de detalhes de fundo - cores vívidas, andamento rápido na movimentação de um quadro para outro e a grande variedade de personagens e cenários estranhos. Isto veio a influenciar fortemente o estilo de Moebius, fato que ele mesmo declarou. (Wikipédia)

A "Slumberland" ("terra dos sonhos") do título logo adquiriu um duplo significado, referindo-se não apenas ao reino encantado de Morpheus, mas ao estado de sonho propriamente dito.

As histórias dos álbuns da Coleção “Moebius”, da Nemo, e de “Incal”, da Devir, ajudam a entender bem o impacto exercido pelo desenhista.

Além da temática adulta e de ficção científica, com roteiros muitas vezes surreais, as histórias expõem o detalhado traço do autor. O mesmo traço que ele levou ao mercado norte-americano. Ele fez parceria com o escritor Stan Lee numa edição especial do personagem Surfista Prateado.

Surfista Prateado publicado pela Abril em 1989

A história já foi publicada no Brasil, pela Abril. A editora também lançou, na mesma época, outro trabalho europeu de Moebius: a série de faroeste "Tenente Blueberry", retomada, anos depois, pela Panini.
Blueberry: capa de uma das primeiras edições e uma gravura produzida a partir da história
Em 1959, séries que fariam enorme sucesso nos anos 60, uma era de liberdade e de criatividade, de paz e amor, nasciam na França e em toda Europa. Uma delas era “Asterix, o Gaulês” de René Goscinny e Albert Uderzo. Havia também “Tintin”, de Hergé (George Remi). Na mesma época, em 1967,  um italiano de nome Hugo Pratt desenvolve seu principal personagem, tão inspirador às novas gerações quanto Moebius: Corto Maltese, um marinheiro romântico e aventureiro que vivia em situações místicas e com belas mulheres.


Mas a série escrita por Charlier e desenhada por Jean Giraud, nome de juventude de Moebius, foi sucesso em dois continentes. A revista Fort Navajo apresentava o “Tenente Blueberry” que é uma história de faroeste diferente, onde o personagem principal não é necessariamente um herói, e não raro alia-se aos índios contra as tropas norteamericanas. Tinha em seu início a fisionomia baseada na do ator Jean Paul Belmondo, para que se destacasse dos “heróis” de faroeste, como Jerry Spring, Tex Willer e Bronco Piler, todos efetivamente “bons moços”. Charlier e Giraud criaram um anti-herói, uma figura que tinha uma leitura crítica sobre seu próprio momento, refletindo a crítica de seu escritor acerca do período colonialista norteamericano.

O desenho do Tenente Blueberry se sobressaiu, apresentando ao mundo Jean Geraud, ou Moebius (*). Seu traço era épico e realista, fazendo com que se tornasse desenhista-referência no mundo editorial francês.

Jean Gerald nasceu em família pobre. A idéia do Tenente Blueberry veio de uma temporada que viveu no México com sua mãe. Aos 16 anos, em 1954, entrou École des Arts Apliques em Paris e aos 18, começou a colaborar com diversos periódicos, onde realiza suas primeiras histórias estilo faroeste.

Moebius, então, sem deixar de desenhar Blueberry, junta-se a Phillipe Druillet, Jean-Pierre Dionnet e Bernard Farkas para a criação da Les Humanoides Associés, editora que lança em 15 de janeiro de 1975 a seminal revista Métal Hurland. A revista servia para que seus autores pudessem dar livre curso à imaginação, sem ficarem presos às imposições editorais ou às exigências dos leitores. Dionnet define Métal Hurland como “uma revista de histórias em quadrinhos e de antecipação, sem heróis musculosos nem mísseis cromados… Uma revista de fantasmas utilizando a técnica dos quadrinhos de aventuras…” fonte: http://jornale.com.br/esquadrinhando/2009/03/30/historia-dos-quadrinhos-parte-14-europa/


(*) August Ferdinand Möbius, matemático e astrônomo alemão (1790 - 1868) uma comunidade escolar na Saxonia, onde o seu pai Johann Heinrich Möbius lecionava. A sua mãe, Johanna Katharine Christiane (1756-1820) era descendente de Martinho Lutero de sétima geração. Seu trabalho mais conhecido é provavelmente a fita de Möbius, amplamente estudada e utilizada em matemática aplicada, geometria e astronomia. (ver August Ferdinand Möbius na Wikipédia). O pseudônimo Moebius (nome de batismo do matemático alemão) veio depois de o artista assinar desenhos para revistas e livros de ficção científica nos anos 1960.


Moebius foi um trabalhador incansável, produzindo a todo vapor e evoluindo seu estilo a cada novo projeto. Um deles foi “A Garagem Hermética”, quadrinhos que, segundo Jodorowsky, representa o topo do comix contemporâneo. “Abre um capítulo incrível e serão considerados como a pedra angular de uma nova cultura ... não é uma HQ cômica, nem artística, nem épica, nem dramática, mas sim tudo isso de uma vez, sem coerção dos cânones artísticos ... tudo se encontra em estado de demolição, mas no interior da história, tudo tem uma lógica, a lógica do sonho”.

Moebius declarou publicamente que produziu a “Garagem” sob o efeito do uso de LSD.


N’ “A Garagem Hermética”, em cada episódio, pelo mesmo artista. Neste quadro vemos um automóvel (por incrível que pareça) sendo examinado pelo proprietário para o que o título anuncia: “uma revisão perigosa”tudo muda, personagem, paisagem, enredo, estilo – contudo sabemos que permanecemos na mesma história desenhada 

Outra obra-prima de Moebius é o story-board de ORN. O estranho nome é de um capitão de um navio mercante que, quinze anos antes da época em que a história criada por Frédéric de Foucaud foi publicada se chamava CAP HORN, cujo casco havia sido corroído pela ferrugem até não deixar mais do que estas três letras.

A abreviatura ORN se refere, por outro lado, à ornitologia que é a ciência dos pássaros (do grego ‘ornis’ = pássaro) e, afinal, o filme não é mais do que a história de uma comunidade de sobreviventes na qual cada integrante tenta alçar vôo por todos os meios possíveis.


Moebius, ao mesmo tempo em que se dedicava a fazer uma revolução nos quadrinhos, desenha posters, cartazes publicitários, cartazes de cinema, retratos, caricaturas etc.
O poster (que reproduzo a seguir) me fez lembrar o livro “A Ilha do Bispo” do Rodrigo Cesar de Lima (2010 – edição do autor), onde uma comunidade de lobisomens atua nas sombras, modificando os acontecimentos da cidade na calada da noite. Por este motivo resolvi mostrá-lo aqui.



Poster para o filme “The Dogs”, poster que permaneceu inédito

Outro projeto excepcional de Moebius é reproduzido a seguir:

Abertura de “Paragonescia & outras estranhas histórias”, volume 6 da Graphic Novels de Moebius na Marvel (EUA, cerca de 1988). Assim que tiver tempo, pretendo fazer uma pesquisa sobre a influência que pode ter existido entre a Paragonescia do artista francês e o Parangolés, espécie de escultura móvel cujo conceito foi criado pelo artista brasileiro Hélio Oiticica (Nota do autor do post).

Jean Giraud foi um dos desenhistas mais premiados do mundo: EUA, França, Bélgica, Itália, Holanda. Em toda parte ganhou medalhas e prêmios de Melhor Desenhista. Ás vezes duas vezes, uma pelos seus álbuns assinados Giraud e outra por aqueles assinados Moebius.

Paulo Coelho teve um de seus livros mais famosos, “O Alquimista”, ilustrado por Moebius. Obra da maturidade, as ilustrações são como pequenos selos que mostram, com belíssima simplicidade, o estágio de maestria e domínio técnico atingido pelo artista. Esse trabalho, publicado em edição de luxo pela Editora Rocco em 1995, é um marco de expressividade legado por um desenhista que fez questão de preservar, nestas vinhetas, as técnicas tradicionais do desenho, o lápis, o giz, a aquarela, sem perder jamais a qualidade de seus desenhos.
Li em algum lugar que alguns dos projetos de Moebius mais recentes não haviam decolado por falta de financiamento. Pensei cá com meus botões que a sua arte poderia já ter sido banalizada nesta nossa realidade de excesso de informação visual e virtual. Felizmente não é isso. Nos links que encontrei a partir do blog do Paulo Coelho descobri que o artista permanecia saudável e criativo, dominando com maestria os novos recursos que substituem hoje os tradicionais materiais de desenho e pintura.

Para afixionados, é interessante visitar o site de uma exposição de Moebius patrocinada pela Fundação Cartier de Arte Contemporânea em 2008. São trabalhos já produzidos totalmente em meio eletrônico:      www.moebius-transe-forme.com
Essas novas técnicas são ilustrações feitas com tablete gráfico num programa adobe photoshop. No link a seguir você pode assistir a performance do próprio Moebius no stand da Wacom (empresa japonesa cuja marca é referência mundial em digitalizadores) na Feira Angouleme2009:

Nesse endereço (dailymotion) você também vai poder encontrar vídeos mostrando os torneios de “speed painting” realizados entre aprendizes de ilustração no Japão. E uma entrevista de 2009 com o próprio Moebius (em francês) produzidos pela   http://www.pixeltv.fr/


Para conhecer com mais detalhes o trabalho de Moebius, visite o seu site oficial: http://www.moebius.fr/Site-officiel-de-Jean-Giraud-Moebius---Official-website (em construção e em francês)

Os quadrinhos e o cinema se constituem hoje em uma categoria nobre de Literatura, a das Imagens. Caso o prêmio Nobel passasse a contemplar também esta classe de artistas, o que deveria penso eu, Moebius deveria ser um dos primeiros premiados, in memorian, infelizmente.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

LA MAISON IRONIE


Contam velhas lendas, mitológicas mesmo, que nosso Prefeito e seu Braço Direito foram ao Jd. Maria Rosa e Jd. Bontempo lá pelo primeiro semestre de 2009 andando pelas ruas e colhendo dados. Viram um carro tunado com pneus gigantes e perguntaram ao dono quanto pagava de IPVA e o quanto pagava de IPTU. Daí tiveram a ideia de justificar o “aumentozarrão” do IPTU com o argumento de que não se podia pagar mais pra ter carro do que pra ter casa.

E isso foi parar até num folheto gerado pelo ATENDE pra nos convencer de que era razoável.

Um antigo morador interpelado pelos mandatários municipais tinha direito à isenção por ser aposentado, contudo perderia esse direito porque seu terreno era maior do que o limite mínimo para isso e o novo IPTU decretaria sua falência, porque a sua aposentadoria não cobriria a despesa. Como queria continuar morando ali, não quis vender a propriedade, que, reconheçamos, é um direito dele.

Receosos de que tivessem problemas porque um dos princípios pétreos da Constituição sobre o aumento de impostos é respeitar a capacidade contributiva da população, fizeram passar na Câmara uma LC que permitia a isenção da área-limite e impunha o tributo para o restante. Claro que tentaram passar a medida como generosidade do governo.

Quando já haviam jogado o carnê em nossos rostos, amigos do Alcaide e de seu Braço Direito me contaram (mas, vale dizer, não assinaram embaixo) que se falava no gabinete que os moradores do Maria Rosa e do Bontempo eram “bem-de-vida”, podiam pagar sim o IPTU “expandido”.

No caso do IPTU desastroso (para o contribuinte), a população até que deu uma resposta rápida, em cerca de quatro meses apresentaram à Câmara projeto de lei de iniciativa popular, assinado por mais de um décimo dos eleitores, cancelando a PGVA distorcida e determinando as medidas necessárias para que nem os tributados fossem lesados e nem o cofre público ficasse prejudicado.

Os vereadores unânimes e silentes terem rejeitado o projeto naquela noite fria e escura de inverno não cancela de maneira alguma o poder de mobilização da população dentro de limites legais e pacíficos. E comprova que não houve discussão porque Suas Excelências já entraram em plenário com a decisão tomada e a cabeça feita. 

Se a intenção foi (e na minha opinião é) produzir uma crise institucional que entregasse a cidade de mãos amarradas aos empreiteiros, corretores e grandes proprietários, agora nossas autoridades têm motivo para estourar champagnes e toneladas de fogos: o primeiro prédio de aptos. do Jd. Bontempo já está vendendo unidades de 2 e 3 dorms. c/suíte e os anúncios alardeiam “breve lançamento”.

Só resta à população, aguardar a chegada dos bate-estacas, dos guindastes e das betoneiras.

Curioso, ou irônico, que na internet ainda não há plantas dos aptos. mas já nos brindam com o foto de uma belíssima piscina à sombra de palmeiras. Será sem dúvida a primeira piscina residencial por ali, uma vez que nenhum “abastado” do pedaço, que eu saiba, tem esse privilégio.

Temos razões para pensar que nosso prefeito, vice, todos os vereadores da época erraram fixando valores de m2 muito acima da realidade, em patamares imaginários, lesivos à população. Os, assim definido pela PMTS, "ricaços" do M.Rosa e do Bontempo talvez não possa comprar o seu apto. com piscina na 'Maison', mas que será vendido, ainda na planta, para gente de fora da cidade, pessoas realmente melhores de vida e de dinheiro para as quais os belos anúncios se dirigem.

Aqui o clima já é de campanha eleitoral, até pesquisa de boca-de-urna estão fazendo, e todos os candidatos até agora têm algo a ver com o IPTU Absurdo, ou porque o geraram e aprovaram, ou porque combateram os crimes nele apoiados ou, vejam só, por representantes das construtoras.

Se isto acontecer, a frase de Walter Penninch, diretor da CONAM, na CEI da CMTS se consagrará e teremos, eleitas pelo povo, as raposas tomando conta do galinheiro.


domingo, 9 de outubro de 2011

O ESSENCIAL SOBRE ESTEVE JOBS QUE VOCÊ ACHOU QUE O JN IA LHE CONTAR

Eu me lembro com tristeza da enorme comoção que tomou conta de mim quando John Lennon foi assassinado e quando Elis Regina morreu. Um vazio profundo me invadiu, uma solidão tão grande que me deixou em lágrimas o dia todo, no trabalho, na faculdade, no ônibus de volta pra casa.

A partida de Esteve Jobs, contudo, foi diferente. Estava tweetando ontem à noite, geralmente é o tempo que me sobra para essa navegação. De repente o Pedro Tourinho tweetta Confirmado. Esteve Jobs morreu. E o assunto foi tomando conta da tela. Logo a Sonia Bertocchi diz Coisa mais linda Google.com linkado direto pra página da Apple. Isso é que é homenagem!


E surge o pitaco muito bom da revista A História Musical de Steve Jobs: http://www.rollingstone.com.br/fotos/#imagem0  O cleberparadela filosofa E a Dona Canô vai enterrar o Steve Jobs #RumoAos200 Daí o luiznassif conta no excelente Brasilianas http://bit.ly/prBcYf O dia em que o Brasil perdeu Steve Jobs

A Garota sem fio, Bia Kunze, vem com RIP Steve :( que eu retwetei para todos os meus contatos. O bob_fernandes surge com Legado de Steve Jobs é muito maior que a Apple, opina cientista Silvio Meira http://bit.ly/ohe4uK  Os jornalistas de volta: Pedro Tourinho Aqui um comunicado da família de Jobs. "Steve died peacefully today surrounded by his family..." http://peu.me/nmnfid  e Dan Gillmor Remember Steve Jobs this way, in his own words: "Your time is limited, so don't waste it living someone else's life." http://bit.ly/4hnah5

O wwgoiabinha veio com esta Boa noite humanos...MORRE O GENIO DA MAÇÃ DOURADA...#RIPSteveJobs  A Linecarioca, simples e direta, Ele esperou até lançarem o iPhone 4s. O cara é foda no marketing até antes de morrer. #RIPSteveJobs 

Então a nairbello vem com aquele enorme sorriso e gostoso sotaque da Mooca, perguntando onde é o velório e o que vão servir lá.

O Fábio Montoanelli, comovido, Agora eu sei o que é essa água saindo meu iPad: lágrimas. #RIPSteveJobs  e o atrollcidades, antológico, Ele não morreu, só foi desenvolver melhor o ~iCloud~ #RIPstevejobs e então veio o Eduardo Toledo, notívago virtual como eu, espalhando que o desenho a seguir estava bombando na internet:


Foi bom compartilhar a tristeza e a informação, as lágrimas e as lições de vida, a partida de Jobs não se fez réquiem, se fez um gospel de gratidão.

Claro que assisti ao vídeo legendado da palestra no encerramento do ano letivo de 2005, na Universidade de Stanford, sabia dele mas relutava em assistir porque achava Jobs meio cabotino com aquela panca indiana jones dizendo que todos o copiavam. Apesar de admirar aqueles Macintochs lindos, reluzentes, estilosos e caros, me ligava mais no Windows que era o que eu aprendera sozinho a dominar e também porque achava a cara beatle de Bill Gates mais confiável.

Assistir este discurso ascendeu uma luz pra mim. Não é que o cara tinha os ideais da contracultura, dos hippies, da bossa lisérgica que dominou os jovens numa determinada época, anos 60, a crença e a iniciativa para que o amor, a paz e a liberdade dominassem o mundo? E sabia também, sem dúvida, de jovens idealistas ou não tombando nos raids de helicópteros no Vietnã ou sob tortura nos cárceres das ditaduras latinoamericanas.

O livro que fez a cabeça de Jobs na juventude e em cuja contracapa há a famosa frase citada no discurso é “Whole Earth Catalogue”, uma espécie de Google pré-histórico, uma enciclopédia universal e inventiva, em papel, norteada por um desejo de abraçar todo o conhecimento humano, sem perder de vista a liberdade, a criatividade e a preservação do meio ambiente.


Se você não foi um(a) mochileiro(a) e nem um(a) motoqueiro(a) e nem leu um dos livros ligados ao assunto como On The Road e nem viu mais de uma vez o filme Easy Rider, você não vai entender o que foi aquela época, nem tente.   

Jack Kerouak, autor do livro citado, assim descreveu em seu estilo armangedônico o espírito da era do sangue, suor e rock-and-rool:
"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

Bem, na civilização em rede, uma coisa leva a outra e refletindo sobre o significado da frase ”Stay hungry, stay foolish” (a da contracapa do livro de Estewart Brand) cheguei a este sr. que quero lhes apresentar, Rodolfo Araujo, no link que reproduzo abaixo:

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/stay-hungry-stay-foolish/30967/

Depois de ouvir a tradução da frase na voz disciplinada de William Bonner no JN, algo como mantenha-se faminto, permaneça bobo, precisava achar algo muito mais preciso sobre isso.

Rodolfo Araujo em seu artigo, além de oferecer o famoso discurso de Stanford legendado (YouTube) para quem queira e ainda não tenha assistido, assim traduz a polêmica frase:

“Mantenha-se faminto por coisas novas, mantenha-se certo de sua ignorância. Continue ávido por aprender, continue ingênuo e humilde para procurar. Tenha fome de vida, sede de descobrir. Stay hungry, stay foolish.”

Melhor do que isso, só uma conversa com o filósofo Sócrates, pela qual Jobs trocaria a própria vida.




Atualizando: no Fantástico de domingo, 9, onde deram destaque às três grandes lições de vida de Jobs, na terceira quando traduziu as famosas quatro palavras, não conseguiu superar a barreira da tradução irrefletida e lascou um fique sedento, permaneça ingênuo!